OS TEMPOS MUDAM ...
E CEPELOS SEMPRE NA MESMA
Os tempos passam e tudo vai ficando na mesma na terra de Cepelos. O tempo parece não passar, aquilo que era não deixou de ser e continua tudo exactamente como era.
Há mais de vinte anos eu vi a terra que me viu nascer isolada no tempo e no espaço na esperança do desenvolvimento desejado.
Hoje, reparo que esta terra se mantém esquecida nesse mesmo tempo que parece teimar em não querer passar.
Pela minha vida vinte anos passaram. Tive a oportunidade de aprender novas coisas e constatar que os tempos mudam num constante evoluir, onde tudo toma novas qualidades, onde o que era deixou de ser para ser outra coisa qualquer.
Em Cepelos, tudo parece na mesma ... e o tempo teima em não passar!
No entanto, o tempo passou, o mundo mudou e eu reparo que se esqueceram de mudar a minha terra.
Será que os cepelenses são meras lembranças de um povo que existe sem que essa existência lhe conceda a merecida recompensa do desenvolvimento dos demais povos que integram as várias comunidades do Concelho, do Distrito e do País?
Se os responsáveis directos pela condução dos desígnios desta terra se esqueceram das suas responsabilidades eu gostaria de lembrar-lhes que Cepelos é de todos os Cepelenses e não têm o direito de nos deixar esquecidos no tempo sem que nos vejam como cidadãos igualmente valcambrenses. Por isso, é-nos permitido exigir igualdade de tratamento na realização dos melhoramentos merecidos.
Não importa só apontarmos os responsáveis por este triste descontentamento que aflora ao espírito de um cepelense com consciência lúcida e esclarecida. É que responsáveis somos todos, porque elegemos aqueles que nos remeterem para o esquecimento do tempo.
Por muito ou pouco que tenham feito os responsáveis locais não souberam ou não quiseram defender até ao limite das suas forças os legítimos direitos da freguesia.
O exercício de funções públicas carece de capacidade interventora junto dos demais poderes públicos por forma a fazer sentir o pulsar das necessidade do nosso povo.
Não basta ter boas intenções. Urge lutar pelo argumento da palavra e pela força do povo para que tenhamos, junto das instâncias próprias, a representatividade que Cepelos não conseguiu ter.
Basta pensarmos que os nossos concidadãos para conseguirem o sustento do seu quotidiano tem que se deslocar dezenas de quilómetros para conseguirem um emprego, como sucede com muitos daqueles que se têm que deslocar para os concelhos vizinhos. E porquê?
Porque não tivemos responsáveis que lutassem pelo mais elementar direito à implementação de uma zona industrial na freguesia.
Temos condições impares que proporcionariam a todos quanto quisessem investir o seu capital, um investimento de qualidade, com mão-de-obra capaz de proporcionar vantagens recíprocas ao empregador e ao trabalhador.
Todos teriam vantagens comparativas que lhe permitiriam uma vida condigna junto da família e do seu lar, permitindo a manutenção de uma agricultura de subsistência e a realização dos recursos financeiros necessários à manutenção da vida familiar a níveis compatíveis com os tempos modernos.
Mas as vantagens não se restringiam aos benefícios directos que proporcionavam, quer ao empregador, quer ao trabalhador. Trariam enormes potenciais de desenvolvimento homogéneo de toda a freguesia, pois incentivariam as pessoas a radicar-se nas suas terras de origem, incrementando o crescimento populacional e consequente desenvolvimento cultural, social e económico.
A zona industrial seria a fonte do desenvolvimento desejado que alguns, porque não quiseram ou não souberam, não acharam a que tivéssemos direito.
O futuro das gerações vindouras não pode continuar dependente do laxismo, da falta de vontade em agir e da desmotivação dos responsáveis políticos que não podem continuar a refugiar-se na sua perpétua qualidade sem fazerem nem deixar fazer o que de direito nos é merecido.
Se não conseguem sozinhos, promovam o estudo e o debate apropriado e, certamente, o povo estará disposto a desempenhar o seu papel na conquista do presente para proporcionar um futuro melhor aos seus vindouros.
Senhores políticos, basta de boas intenções, assumam a vossa responsabilidade e tomem as rédeas das competências que vos são próprias no interesse das populações que vos confiaram o seu futuro.
Como nota final não poderia deixar de manifestar ao meu mais profundo repúdio por terem deixado que o antigo posto do leite, então propriedade de Martins & Rebelo, fosse comprado por um particular, sendo certo que se encontrava localizado no coração da freguesia e poderia ter sido aproveitado para a implementação de um posto médico, de uma farmácia, de uma biblioteca, de um centro de actividades culturais, entre outras possíveis utilidades que pudesse tomar em prol do desenvolvimento da freguesia.
Será, Senhores Membros da Junta de Freguesia, que, sempre que passaram junto desse imóvel para exercerem as Vossas funções, Vos seria manifestamente impossível descobrirem a utilidade que esse imóvel poderia representar para todos que habitam na freguesia?
Então porque não encetaram os procedimentos apropriados que pudessem dar seguimento ao processo de aquisição, recuperação e utilização desse espaço?
É que dizer que não conseguem fazer nada porque não vos deixam, acaba por ser um argumento sem qualquer validade quando nem sequer conseguem ver o que vos vai diante dos olhos e aproveitar aquilo que, afinal, está mesmo à disposição.
João Miguel Almeida
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