MAIS MIL “JOBS” PARA OS “BOYS”

     Mil unidades de qualquer coisa, tanto poderão representar algo de muito, como algo de pouco. Se falarmos em mil escudos, não será muito, se falarmos em mil contos já é alguma coisa e assim por diante.

Tudo isto a propósito de uma notícia publicada no semanário «O Independente», do passado dia 11 de Fevereiro de 2000, que versa sobre as nomeações feitas pelo Governo da República desde a sua reeleição, em Outubro do ano transacto.

Volvidos três meses e meio, o nosso Governo já nomeou 946 pessoas para os “jobs” que nunca mais acabam. Foram quase mil “jobs” que nós, os contribuintes, vamos ter que “sustentar”. Isto para não falarmos naqueles que já foram nomeados no anterior mandato.

Cumpre esclarecer que o referido semanário, apresenta como fonte o Diário da República, por isso quem tiver dúvidas, esclarecê-las-á por consulta da II Série do Diário Oficial.

Reza da dita notícia que o Sr. Primeiro Ministro já nomeou 78 pessoas, entre assessores, secretárias e 8 motoristas. Não sendo, dos membros do Governo, o que tenha nomeado mais pessoas, nomeou 8 motoristas. Será um para cada dia da semana? E o oitavo motorista, para que serve? Sim, porque a semana tem apenas sete dias!

Atendendo à tabela salarial relatada na dita notícia, esta varia entre 340.800$, mensais, para as secretárias e os 619.600$, mensais, para os chefes de gabinete. Isto para não falarmos nas despesas de representação que poderão variar entre 88.700$ e 270.000$.

Agora, vejamos. Sendo que qualquer trabalhador recebe 14 meses de ordenados, incluindo subsídio de férias e de Natal, quanto custará cada “Boy” para os 946 “Jobs” ao Orçamento do Estado?

 Não sendo possível precisar o número de pessoas por cada categoria de vencimento, imagine, o leitor, que todos receberiam o mínimo, ou seja, 340.800$, mais os 88.700$ para despesas de representação.

Nestes termos, por ano, cada um custaria a todos nós 5.746.900$, incluindo as despesas de representação relativas a 11 meses, considerando que no mês de férias não haverá lugar a esse quantitativo.

Como são 946 “boys” o custo total que teríamos de suportar seria 5.436.567.400$, por ano!! Isto no mínimo, pois como se disse nem todos recebem o mesmo e os cálculos estão feitos pelo mínimo dos vencimento que conhecemos.

Para termos uma verdadeira dimensão da questão, resta sabermos quantas famílias serão necessárias para garantir o quantus de receita para fazer face à despesa proporcionada por todos estes “boys”.

Suponhamos uma família que pagaria à volta de 400.000$ de IRS, o que bastaria que os dois cônjuges recebessem em média 200.000$ mensais. Neste pressuposto, seriam precisas à volta de 13.590 famílias a trabalhar arduamente durante um ano para “sustentar” todos estes “boys”.

Não será, porventura, à luz de alguém de bom senso, tal atitude um atentado contra os que, com dignidade lutam quotidianamente para sustentar as suas famílias, sem terem hospitais e um correspondente serviço condigno; sem terem escolas devidamente apetrechadas onde os nosso filhos possam aprender o seu futuro. Há dinheiro para todos estes “boys”, mas não o há para comprar umas míseras cadeiras para uma escola onde as crianças mais confortáveis se sentiriam se estivessem sentadas no chão. Como sucede, aliás, na Escola Primária de Merlães uma das várias escolas primárias destes Concelho e onde as crianças aprendem da dar os seus primeiros passos para a vida.

Assim, justo não seria, concerteza, se me mantivesse calado a assistir pávido e sereno a esta pouca vergonha nacional.

Não poderei fazer muito mais. Mas, pelo menos dou o meu grito de revolta para com a atitude daqueles que subalternizam os seus demais, e depois tem o despudor de se apresentar a votos como sendo os salvadores da pátria e os únicos lutadores pelos direitos dos mais desfavorecido.

A política socialista chegou ao cúmulo de a pretexto da solidariedade e dos mais desfavorecidos se perpetuarem no poder pouco preocupados com as reais necessidades das populações.

Considero indiferente quem tenha a seu cargo a actividade governativa do país, desde que respeitem os legítimos interesses das populações e salvaguardem as condições macroeconómicas de sobrevivência das gerações futuras.

Enquanto isto não estiver salvaguardado, terei o dever moral de dizer basta a tanta hipocrisia!!

Depois admiram-se, os governantes socialistas da Europa, que na Áustria, 27% dos eleitores votou num partido de extrema direita.

João Miguel Almeida

http://www.members.tripod.com/joaoalmeidait

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