FILOSOFICAMENTE FALANDO...
No vazio existencial do meu Eu, encontro um nada feito de nada que a nada me conduz e me sufoca a alma!
No vazio existencial do teu Eu, encontro algo feito de nada que me desperta uma fome imensa de tudo.
Olho-me no espelho, no desespero de um reencontro com o Eu perdido algures no imenso universo sem que me encontre.
Sendo a vida um tudo feito de nada e um nada feito de tudo não compreendo porque sou aquilo que sou.
Se não sei porque sou aquilo que sou, muito menos sei porque existo naquilo que penso.
Afinal, aquilo que sou é a exteriorização daquilo que penso. Talvez não! É parte daquilo que penso, pois penso muito mais do que aquilo que exteriorizo.
Tudo isto, porque não sou apenas carne, não sou apenas matéria. Sou essencialmente o abstracto, o complexo feito de nada, mas que em tudo se resume como uma fonte que brota a água vinda do nascente purificada pela rocha dura que chora límpidas e contínuas gotas que formam a corrente de vida que bebemos com prazer e mata a sede do ser material, suporte do pensamento existencial impossível de se tocar.
Porque sou um contentamento descontente, procuro o infinito na esperança de encontrar o fim daquilo que sou. Quanto mais me aproximo do infinito mais longe me sinto de tudo. Tudo esse que, afinal, em nada se resume.
A vida é uma lógica que não tem lógica nenhuma. Não se nasce para viver, mas para morrer, algum dia perdido no tempo sem que tenha tempo de viver.
É, pois, uma triste desilusão de uma ilusão qualquer que nos faz mover em busca de tudo para a nada chegar.
Quando pararmos para pensar naquilo que somos, chegamos à conclusão que não somos coisa nenhuma. Somos o alimento dos microorganismo insaciáveis que nos consomem a matéria e nos libertam o espírito.
João Miguel Almeida
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